"Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir. "
Nem na morte espero dormir. "
O segredo de tudo é ter precisamente a quantidade de tempo necessária. Nem mais, nem menos. Acredite, leitor, tempo demais é problema na certa.
Quem não dorme tem sempre tempo demais, e na opinião desse autor que detém considerável experiência no assunto, esse é o maior problema da insônia.
Quem não dorme tem tempo de pensar em todas as mazelas da vida, tempo de calcular com tremenda exatidão todas as conseqüências futuras dos maus atos do presente, tempo de avaliar com presteza o tamanho dos buracos que cava, tempo de descolorir e enxergar em preto e branco aquele filme que costumamos chamar de "vida".
À meia noite a casa dorme. Dormem também os amigos e toda possibilidade de convívio social. Os programadores de rádio e televisão não se importam com com os insones, não praticam a gentileza de agradar-lhes com boas opções de entretenimento.
Os livros, passadas algumas horas, tornam-se sempre chatos e enjoativos, assim como os discos, pois numa certa hora qualquer barulho irrita profundamente. Em um determinado momento tudo o que temos somos nós mesmos, e isso geralmente não é bom. Confinados entre as paredes de um quarto, o próprio ar que respiramos parece cada vez mais denso, e é exatamente nessa hora que os fantasmas do passado vêm cobrar dívidas antigas, muitas vezes esquecidas.
Acredito, inclusive, que se gostássemos de nossas próprias companias não teríamos insônia.
Quem não dorme tem sempre tempo demais, e na opinião desse autor que detém considerável experiência no assunto, esse é o maior problema da insônia.
Quem não dorme tem tempo de pensar em todas as mazelas da vida, tempo de calcular com tremenda exatidão todas as conseqüências futuras dos maus atos do presente, tempo de avaliar com presteza o tamanho dos buracos que cava, tempo de descolorir e enxergar em preto e branco aquele filme que costumamos chamar de "vida".
À meia noite a casa dorme. Dormem também os amigos e toda possibilidade de convívio social. Os programadores de rádio e televisão não se importam com com os insones, não praticam a gentileza de agradar-lhes com boas opções de entretenimento.
Os livros, passadas algumas horas, tornam-se sempre chatos e enjoativos, assim como os discos, pois numa certa hora qualquer barulho irrita profundamente. Em um determinado momento tudo o que temos somos nós mesmos, e isso geralmente não é bom. Confinados entre as paredes de um quarto, o próprio ar que respiramos parece cada vez mais denso, e é exatamente nessa hora que os fantasmas do passado vêm cobrar dívidas antigas, muitas vezes esquecidas.
Acredito, inclusive, que se gostássemos de nossas próprias companias não teríamos insônia.
"Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!"
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!"
Nas primeiras vinte e quatro horas é um pouco mais fácil. O cansaço, o desânimo e o desespero ainda são razoavelmente suportáveis. Depois é que começa a ficar um tanto quanto perigoso.
A luz se transforma em um milhão de pequenas agulhas, e parece que não furam apenas os olhos. Furam também os ouvidos, as bocas, as mãos, as pernas e os braços. As cores dão lugar às sombras e pouco a pouco as formas se tornam todas borradas.
Não se sabe bem ao certo quando é que a lucidez vai embora. É comum dizer que quem está ficando louco não percebe o que está acontecendo, ao contrário, muitas vezes parece que nunca estivemos tão lúcidos, e que tudo agora faz muito mais sentido do que fazia antes. Engano, sempre. Nunca se pensa direito quando não se consegue dormir.
Os olhos estão abertos mas não estamos acordados. Misture o terror do pesadelo com a frieza da realidade e verá o que digo. O ar parece querer engolir aquele que o respira, como se quisesse se vingar por todo o tempo que nos utilizamos dele sem dar-lhe o devido valor.
Todo insone tem mania de dar ânimo ao inanimado. Tem mania também de começar centenas de textos sem nunca acaba-los.
A luz se transforma em um milhão de pequenas agulhas, e parece que não furam apenas os olhos. Furam também os ouvidos, as bocas, as mãos, as pernas e os braços. As cores dão lugar às sombras e pouco a pouco as formas se tornam todas borradas.
Não se sabe bem ao certo quando é que a lucidez vai embora. É comum dizer que quem está ficando louco não percebe o que está acontecendo, ao contrário, muitas vezes parece que nunca estivemos tão lúcidos, e que tudo agora faz muito mais sentido do que fazia antes. Engano, sempre. Nunca se pensa direito quando não se consegue dormir.
Os olhos estão abertos mas não estamos acordados. Misture o terror do pesadelo com a frieza da realidade e verá o que digo. O ar parece querer engolir aquele que o respira, como se quisesse se vingar por todo o tempo que nos utilizamos dele sem dar-lhe o devido valor.
Todo insone tem mania de dar ânimo ao inanimado. Tem mania também de começar centenas de textos sem nunca acaba-los.
"A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo."
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo."
2 comentários:
Depois de tanto tempo calado queria ter algo melhor a dizer. Infelizmente, não tenho.
Lamento, mas discordo de duas coisas... Gosto da minha própria companhia e continuo a ter insónias, e acho que apesar de tudo a melhor programação de televisão é a altas horas da noite. Mas como tu bem disseste "tudo o que é demais enjoa".
Mas a culpa não é da insónia...
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