quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Druken style and drug adicted melodrama.

É meloso quando se quer, e dramático.

São todas as [des]aventuras amorosas que se vão, e a ferrugem das ruas é o que deixa o amarelo nos dentes.

Eu queria deixar que o sentimento escrevesse por si só. Falasse sem intermédios da minha consciência, do meu bom ou mau senso literário e, principalmente, sem nenhuma interferência da minha noção do ridículo. Queria poder escrever como se ninguém fosse ler, nem eu mesmo. Especialmente eu mesmo. Queria não ler o que escrevo para que meu envergonhado e iludido desejo de parecer interessante e inteligente não censurasse meus risos nem segurasse meu choro.

Escreveria então sobre as coisas que realmente precisam ser ditas, e que cada dia que passa fica mais difícil dizer. Sobre como eu não acredito em uma só palavra do que me dizem, e que eu sei que nada vai ficar bem no final. Sobre como eu ando fingindo que não amo as pessoas que amo e que gosto de pessoas que não gosto. Eu contaria a saudade sofrida que sinto das pessoas que me fazem falta e mandaria embora para sempre as pessoas que me irritam. Eu faria entender como eu sinto saudade de gente que vejo todos os dias e como me irritam pessoas que eu nunca conheci. Eu desejaria a morte de muitas pessoas, a destruição de muitos livros, a invasão de muitas privacidades, a queda de muitos aviões, o pesadelo de muitos sonhos, a queima de muitas cidades e o fim de muitos amores.

Eu rechearia meu conto-poema de coisas sórdidas que não ouso dizer e de muitas coisas felizes que evito falar. Faria dramas sentimentais, apontaria vários dedos nas caras e diria: a culpa é sua, sintam-se culpados, sintam-se nojentos, sintam-se horríveis. Vocês são horríveis e sabem que são. Pedem desculpas por coisas que ainda não fizeram para depois dizerem que não queriam ter feito.

Eu não respeitaria a dor de ninguém. Não me importaria se faz parte da sua natureza ser escroto e não entenderia nunca os erros que as pessoas cometem.

Eu diria que quero um filho nascido no dia quinze de fevereiro e uma filha nascida no dia dezoito de abril, e eu não explicaria por que. Eu diria que odeio crianças e que elas deveriam todas morrer sufocadas com suas vozes insuportáveis.

Eu seria capaz de descrever com precisão tudo aquilo que se passa dentro de mim, e como um artesão tecer a mais delicada e intricada teia de pensamentos e sentimentos que fluiriam como água, e vocês beberiam dessa água. Cairiam de vez todas as mentiras que ando vivendo, mortes que ando pensando, ilusões que ando alimentando, frustrações que ando sofrendo e bobagens que ando escrevendo. Todos veriam que eu sou absolutamente incapaz de não amar e o ódio profundo que isso me traz.

Mas eu não sei fazer isso.

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