terça-feira, 31 de julho de 2007
Zombie Walk
- Estamos aqui na Av. Afonso Pena onde um grupo de jovens está fazendo uma espécie de manifestação cultural... eles estão vestidos de zumbis e andando pela rua... vamos tentar conversar com um deles aqui... oi, qual seu nome?
- MIOOOLLLLOOOOOO......
- Seu Miolo, explique para nossos telespectadores por que vocês estão fazendo essa caminhada...
- FAÇA A DOR PARAR!!!!
naquela hora eu quis mais do que eu já quis qualquer outra coisa na vida
mas em outra hora eu achei que era a pior coisa pra se querer. e eu estava provavelmente certa, e eu quero falar sobre isso aqui. mas não quero falar explicitamente. eu quero dançar. queria escrever pra você. um lugar pra onde você pudesse ir. mas escrever não posso.
note que e s c r e v o mesmo assim.
porque na maior parte do tempo eu sou só eu e nem isso eu consigo bem e aí escrevo e aí nessa hora eu consigo ser eu-e-você. mentira, também não consigo. mas eu tento a verdade é que eu tento.
o que alguém pode obter lendo esse blog?
tudo que desejar.
o que você faz do outro lado?
imagino.
valeu a pena?
eu vou sempre responder que sim.
valeu a pena?
não vale quando não se pode esquecer.
se você soubesse o dia de amanhã faria o quê?
sentir.
você pode me reconhecer nesses escritos. claro. só lembre que não é você.
fiquei contente por não ter dito mais do que eu disse. estou tentando dizer menos. eu já disse tudo pra uma pessoa... pra muitas...não foi honesto entretanto. só porque foi tudo, só porque completo não signfica que foi honesto. e você não ia querer escutar a verdade de qualquer jeito.
note que e s c r e v o mesmo assim.
porque na maior parte do tempo eu sou só eu e nem isso eu consigo bem e aí escrevo e aí nessa hora eu consigo ser eu-e-você. mentira, também não consigo. mas eu tento a verdade é que eu tento.
o que alguém pode obter lendo esse blog?
tudo que desejar.
o que você faz do outro lado?
imagino.
valeu a pena?
eu vou sempre responder que sim.
valeu a pena?
não vale quando não se pode esquecer.
se você soubesse o dia de amanhã faria o quê?
sentir.
você pode me reconhecer nesses escritos. claro. só lembre que não é você.
fiquei contente por não ter dito mais do que eu disse. estou tentando dizer menos. eu já disse tudo pra uma pessoa... pra muitas...não foi honesto entretanto. só porque foi tudo, só porque completo não signfica que foi honesto. e você não ia querer escutar a verdade de qualquer jeito.
30 com corpinho de 25
Pois é. Eu sou uma pessoa superocupada, mas, vez por outra, me dou o luxo de consumir o que eu chamo de hambúrgueres da informação (fast informação). Hoje resolvi ler uma lista de "pergunte ao especialista" da versão online de uma revista feminina. A especialista era uma consultora de moda bem famosa (global e tal). O que eu achei bizarro na coisa -> Várias mulheres tinham o discurso mais ou menos assim: "Tenho 45 anos, mas pareço 10 anos mais nova, sendo assim, posso usar mini-saia e decotes?"; "Tenho 40 anos anos, mas pareço 25, posso usar legging?". Sinceramente... Taí o problema das ruas. É menina de 10 que se veste como a mãe de 30; e as mulheres de 40 querendo se vestir como mocinhas de 18. Tô bem preocupada com o que vai acontecer comigo qdo eu tiver 40, será que eu ainda vou poder usar minha blusa com aquele caveirão?.
Trabalho Mata
Ainda não consegui decidir se odeio ou adoro trabalhar, mas com certeza não consigo ser indiferente. Minha precária administração do tempo, que frequentemente resulta fins de semana e e noites varados pra cumprir prazos, não me permite ter um relacionamento normal com o trabalho e assim ele se torna onipresente.
Duas coisas são deliciosas quando se trata de trabalhar: ver terminada alguma coisa da qual você se orgulha e ter reconhecimento pelo que se fez (o que obviamente inclui o dinheiro). O resto, especialmente a rotina, é um pé no saco.
Mas particularmente acho que a definição atual de trabalho é muito restrita. Quem faz alguma atividade sem patrão e/ou remuneração geralmente se define como "artista" - é sempre bom usar o charme da pobreza boêmia - ou "ativista" - melhor nem comentar. Pelo menos pra mim, esse esquema de fazer trampinho ou organizar protesto é uma forma de trabalho sim - entre outras atividades possíveis dentro das duas categorias descritas acima, só que talvez menos destrutivo e alienante que a maneira "tradicional" de trabalhar. Claro, se você for um comuna da UNE do Partidão ou similares, vai estar tão alienado quanto uma criancinha que monta tênis Nike na Indonésia.
Na verdade o engraçado é que o capitalismo se alia com a democracia e produz uma idéia de que é totalmente laico em sua ética e valores, pelo menos é o que os teóricos da economia neoclássica adoram defender, apesar do Weber. Mas não é. Ganhar o pão com o suor do teu rosto é a máxima cristã. Claro, talvez esse versículo só quisesse dizer que nada vem sem esforço, mas a noção reproduzida por ele foi outra: o trabalho dignifica o homem, frase construída pra justificar a servidão medieval que até hoje é entendida como verdade absoluta. Mas hoje ao invés de apenas comer o pão, devemos tomar o vinho californiano junto e comprar o carro alemão - e se forem frutos do seu trabalho eles provam que você é digno de verdade. De resto, você é um fracassado.
O trabalho liberta é o que estava escrito nos portões de Auschwitz. Talvez naquela época os cartões de crédito, compras online e horas extra e metas ainda não tivessem sido inventados. Num mundo onde, apesar do conforto absurdo, se trabalha cada vez mais pra consumir e o lixo é produzido em toneladas por pessoa/ano talvez o digno seja não trabalhar - especialmente quando já foram diagnosticadas mortes por excesso de trabalho. Por enquanto vamos seguindo, sempre rumo ao sucesso, vivendo dentro de uma propaganda de banco. Os juros só vão ser cobrados daqui a muitos anos.
back to basics.
Depois que postei esse texto mongol aí embaixo sobre automóveis vi que o Bernardo tinha dito que "A única regra é que o primeiro fale, de alguma maneira, sobre as suas intenções com aquele blog e sobre o dia em que vc está escrevendo aquele texto". Bem, vai segundo.
Eu fico pensando sobre as possíveis interfaces na internet e não entendo muito o que acontece, como funcionam essa dinâmicas. Primeiro todo mundo entrava no mIRC e tinha ICQ. Depois começaram a ter blogs e fotologs e lentamente migraram do ICQ pro MSN. O mIRC foi morrendo e de repente o Orkut começou a bombar muito (aqui no Brasil, lá fora o MySpace) e todo mundo largou de lado blogs e flogs pra ficar só com forums que não funcionam, testimonials imbecis e scraps públicos (ninguém mais usa mensagens privadas no Orkut, por que será?).
Não sou saudosista nem ortodoxo, acho que o mais legal da net é o fato que ela tá sempre mudando e novos formatos surgem a todo momento. Sou um mega entusiasta do Wiki (apesar das críticas do googlewatch), aliás. Só não concordo com algumas dessas mudanças. Parece que as pessoas mudam de plataforma levadas pelo efeito manada, sem pensar muito nas vantagens e desvantagens dessa mugração. Do ICQ pro MSN tudo bem, pois as últimas versões do ICQ eram pesadas e cheias de falhas de segurança. Eu até usei o Trillian (que conjugava os dois) um tempo, mas não tinha mais ninguém no ICQ e deixei de lado.
O fotolog ainda bem que morreu, aquilo era um antro de egocentrismo e exibicionismo barato sem paralelos na história da mídia (eu tinha um, o /titties, é verdade, não estou me excluíndo disso). Os bons fotologgers estão no flicker que é muito mais legal e tem funções fodas como comentar pedaços de foto, tags, slideshows, sets: eles postam fotografias boas, não retratos na balada com biquinho e tiradas de cima pra baixo pra parecer mais magro.
Mas alguns meios acho muito chato terem morrido ou enfraquecido. O blog por exemplo foi algo que eu sempre gostei. Adoro escrever, seja besteiras ou literaturas, e participei de uns blogs coletivos muito fodas, como o Devenir, que era de literatura e tinha umas pessoas que escreviam muito bem (guardo os arquivos até hoje, tem várias pérolas), e o Pedante, que tinha um formato tipo esse daqui. Fiquei feliz com o convite e pretendo voltar a escrever bastante... Pena que eu sou muito enrolado e talvez isso não ocorra, mas juro que vou tentar.
Aproveito o espaço então e faço uma proposta que tenho feito a muita gente por aí. Acho que tem pouca chance de dar certo, mas lá vai: eu e um amigo meu aqui do Rio, o Fred (talvez alguém conheça, era o snaqo no #pedante e no #Reverb_Brasil) estamos com a idéia de voltar pro IRC. Claro que hoje ninguém tem mais 18 anos e quer ficar fazendo amizades online ou passar o domingo inteiro agarrado na Brasnet, mas quase todo mundo hoje em dia gasta algumas horas por semana conversando no MSN. Por que não entrar paralelamente no mIRC também? É um programa absurdamente leve e fácil de usar, não custa nada. E lá podemos ter conversas em sala aberta, algo que o MSN até permite, mas que não funciona direito em Instant Messagers. Pra que ficar fechado em papos dois-a-dois, quando podemos dividir nossos assuntos com outras pessoas, dar umas risadas e etc?A idéia é boa, vai!
Então, quando vocês forem entrar no MSN tentem entrar também no canal #UGAH do servidor IRC.BRASIRC.ORG. Escolhemos isso porque a Brasnet morreu e na Brasirc só tem retardado; ainda mais tem algumas pessoas que eu conheço que ainda entram na efnet pra conversar em canais gringos. Fora isso lá não tem chanserv nem nickserv então é menos frescura e se pode criar canais sem muito problemas. Eu acho que pode ser divertido. Como pode ser divertido esse blog aqui.
Ah, pra completar a regra do Bernardo, meu dia tá OK, igual a todos os outros dessas "férias": passo em frente ao computador escrevendo trabalhos de fim de semestre pra entregar dia 8.
Eu fico pensando sobre as possíveis interfaces na internet e não entendo muito o que acontece, como funcionam essa dinâmicas. Primeiro todo mundo entrava no mIRC e tinha ICQ. Depois começaram a ter blogs e fotologs e lentamente migraram do ICQ pro MSN. O mIRC foi morrendo e de repente o Orkut começou a bombar muito (aqui no Brasil, lá fora o MySpace) e todo mundo largou de lado blogs e flogs pra ficar só com forums que não funcionam, testimonials imbecis e scraps públicos (ninguém mais usa mensagens privadas no Orkut, por que será?).
Não sou saudosista nem ortodoxo, acho que o mais legal da net é o fato que ela tá sempre mudando e novos formatos surgem a todo momento. Sou um mega entusiasta do Wiki (apesar das críticas do googlewatch), aliás. Só não concordo com algumas dessas mudanças. Parece que as pessoas mudam de plataforma levadas pelo efeito manada, sem pensar muito nas vantagens e desvantagens dessa mugração. Do ICQ pro MSN tudo bem, pois as últimas versões do ICQ eram pesadas e cheias de falhas de segurança. Eu até usei o Trillian (que conjugava os dois) um tempo, mas não tinha mais ninguém no ICQ e deixei de lado.
O fotolog ainda bem que morreu, aquilo era um antro de egocentrismo e exibicionismo barato sem paralelos na história da mídia (eu tinha um, o /titties, é verdade, não estou me excluíndo disso). Os bons fotologgers estão no flicker que é muito mais legal e tem funções fodas como comentar pedaços de foto, tags, slideshows, sets: eles postam fotografias boas, não retratos na balada com biquinho e tiradas de cima pra baixo pra parecer mais magro.
Mas alguns meios acho muito chato terem morrido ou enfraquecido. O blog por exemplo foi algo que eu sempre gostei. Adoro escrever, seja besteiras ou literaturas, e participei de uns blogs coletivos muito fodas, como o Devenir, que era de literatura e tinha umas pessoas que escreviam muito bem (guardo os arquivos até hoje, tem várias pérolas), e o Pedante, que tinha um formato tipo esse daqui. Fiquei feliz com o convite e pretendo voltar a escrever bastante... Pena que eu sou muito enrolado e talvez isso não ocorra, mas juro que vou tentar.
Aproveito o espaço então e faço uma proposta que tenho feito a muita gente por aí. Acho que tem pouca chance de dar certo, mas lá vai: eu e um amigo meu aqui do Rio, o Fred (talvez alguém conheça, era o snaqo no #pedante e no #Reverb_Brasil) estamos com a idéia de voltar pro IRC. Claro que hoje ninguém tem mais 18 anos e quer ficar fazendo amizades online ou passar o domingo inteiro agarrado na Brasnet, mas quase todo mundo hoje em dia gasta algumas horas por semana conversando no MSN. Por que não entrar paralelamente no mIRC também? É um programa absurdamente leve e fácil de usar, não custa nada. E lá podemos ter conversas em sala aberta, algo que o MSN até permite, mas que não funciona direito em Instant Messagers. Pra que ficar fechado em papos dois-a-dois, quando podemos dividir nossos assuntos com outras pessoas, dar umas risadas e etc?A idéia é boa, vai!
Então, quando vocês forem entrar no MSN tentem entrar também no canal #UGAH do servidor IRC.BRASIRC.ORG. Escolhemos isso porque a Brasnet morreu e na Brasirc só tem retardado; ainda mais tem algumas pessoas que eu conheço que ainda entram na efnet pra conversar em canais gringos. Fora isso lá não tem chanserv nem nickserv então é menos frescura e se pode criar canais sem muito problemas. Eu acho que pode ser divertido. Como pode ser divertido esse blog aqui.
Ah, pra completar a regra do Bernardo, meu dia tá OK, igual a todos os outros dessas "férias": passo em frente ao computador escrevendo trabalhos de fim de semestre pra entregar dia 8.
Killer Cars
Outro dia conheci um cara que tentou se suicidar batendo a moto, mas não quebrou nenhum osso com isso. Um tempo depois, quando já não queria morrer, sofreu um acidente na ponte Rio-Niterói e ficou três meses em coma. Ele disse que a última coisa que lembra é se levantar do asfalto e ver um farol de carro vindo na direção dele. Após anos, a noiva dele (que trabalhava no interior e pegava a estrada toda semana) bateu o carro e morreu. Ele disse que essa foi a pior coisa que já aconteceu na vida dele.
Esse cara não é a única pessoa que eu conheço que perdeu alguém em acidente de carro, e acho que todo mundo já teve um amigo ou conhecido morreu assim. Quem lembra do único filho da professora da UFMG que morreu indo de ônibus pra Venezuela? Era condução do D.C.E.
Em um dos finais-de-semana dessas férias de julho morreram 94 pessoas de acidente de carro só em Minas Gerais... Se somarmos o Brasil inteiro é fácil ver que isto ultrapassa de longe as 199 que morreram no acidente do avião da TAM. Só que "O Brasil" não ficou emocionado com essas pessoas que morreram de carro, nem indignado com um possível "apagão rodoviário" (urgh!). Por que será?
Acho que acidentes de avião soam muito horríveis porque morre muita gente de uma vez - e mais que isso, porque há uma sensação de que não se pode fazer nada. Há a impressão de que acidentes de carro poderíam ser evitados pela vítima, já que se devem muitas vezes a imprudências, cansaso etc. Avião não: quem morreu, fora o piloto, e normalmente ele incluído, não pôde nunca fazer nada, a não ser sentar e morrer carbonizado na posição de impacto.
Mas muita gente morre de acidente de carro no Brasil, muita gente mesmo, e não adianta falar que são só as condições das estradas, os caminhoneiros que dirigem com sono, ou o uso do álcool antes de dirigir. Não vem que não tem, automóveis matam e matam muito. Quando não é por acidente, é pela contribuição que eles fazem ao efeito estufa graças ao CO2 que lançam na atmosfera, ou graças ao stress que causam nas grandes cidades esses engarrafamentos longos e insuportáveis que ter deixam 15 minutos preso entre a quadra e outra.
O que me assusta é que nunca vi ninguém simplesmente sugerir que se abdique dos carros, em prol de outros meios de transporte. Esta não é uma questão que parece incomodar as pessoas. E olha que vivemos num mundo onde a vida longa e saudável é uma obrigação: ninguém pode mais fumar, comer alimentos gordurosos, sujar a cidade, emitir poluentes, entrar em brigas, usar drogas pesadas nem fazer nada que possa diminuir a extensão de nossa vida ou da vida do planeta.
O carro é o meio de transporte mais burro que já inventaram: ele polui, é perigoso, caro pra caralho (pro estado e pro dono) e o pior de tudo é que ele depende de um idiota atrás do volante que faz o que quiser com ele. Alguém já imaginou uma cidade sem carros, só metrôs, alguns trens de superfícies, funiculares (em cidades com terreno acidentado), biciletas e segways para distancias curtas e ocasionalmente uns ônibus? Imagina como seria mais bonita, limpa, calma. Óbvio que isto necessitaria de um investimento inicial gigante, mas a longo prazo estradas são mais caras, pois exigem mais manutenção, reparos, além dos gastos com seguros etc. Que deixassem os carros só para situaões offroad, onde não há trilhos. Nossa vida seria completamente diferente, tanto que mal é possível fazer uma imagem mental. Mas desconfio que seria melhor. Não ia ter crise do petróleo, por exemplo. Provavelmente não ia ter intervenção americana no Oriente Médio. Não ia ter de derramamentos de óleo, explosão de plataformas petrolíferas e similares. Não ia ter a musiquinha irritante da propaganda da PetroBras. Ou ia ter menos, pois o petróleo teria menor procura e, logo, menor preço.
Claro que isto nunca vai acontecer. Claro que é uma merda morar em BH sem carro, não dá pra ir no Santa Tereza a não ser de taxi; Baile da Saudade então fica fora de cogitação pra quem mora na zona centro-sul. Aqui no Rio nem tanto, o metrô funciona muito bem e tem muito ônibus de madrugada pra onde eu moro (Lapa-Tijuca deve ter uns 5 diferentes, sempre cheios até 3 da manhã), os taxis são mais baratos também. De vez em quando faz falta um carro pra ir pra uma praia mais legal, tipo Itacoatiara ou Recreio, que exigem mais de 2 horas de ônibus. Pegar estrada com os amigos também é muito legal as vezes. Mas eu abriria mão fácil dessas coisas em prol de um mundo sem carros. Fácil.
A não ser que fossem carros voadores. Aliás, o ano 2000 está chegando: voltaram a produzir o DeLorean, só que ainda é o do De Volta Para o Futuro I, o que não voa. Damn.
Esse cara não é a única pessoa que eu conheço que perdeu alguém em acidente de carro, e acho que todo mundo já teve um amigo ou conhecido morreu assim. Quem lembra do único filho da professora da UFMG que morreu indo de ônibus pra Venezuela? Era condução do D.C.E.
Em um dos finais-de-semana dessas férias de julho morreram 94 pessoas de acidente de carro só em Minas Gerais... Se somarmos o Brasil inteiro é fácil ver que isto ultrapassa de longe as 199 que morreram no acidente do avião da TAM. Só que "O Brasil" não ficou emocionado com essas pessoas que morreram de carro, nem indignado com um possível "apagão rodoviário" (urgh!). Por que será?
Acho que acidentes de avião soam muito horríveis porque morre muita gente de uma vez - e mais que isso, porque há uma sensação de que não se pode fazer nada. Há a impressão de que acidentes de carro poderíam ser evitados pela vítima, já que se devem muitas vezes a imprudências, cansaso etc. Avião não: quem morreu, fora o piloto, e normalmente ele incluído, não pôde nunca fazer nada, a não ser sentar e morrer carbonizado na posição de impacto.
Mas muita gente morre de acidente de carro no Brasil, muita gente mesmo, e não adianta falar que são só as condições das estradas, os caminhoneiros que dirigem com sono, ou o uso do álcool antes de dirigir. Não vem que não tem, automóveis matam e matam muito. Quando não é por acidente, é pela contribuição que eles fazem ao efeito estufa graças ao CO2 que lançam na atmosfera, ou graças ao stress que causam nas grandes cidades esses engarrafamentos longos e insuportáveis que ter deixam 15 minutos preso entre a quadra e outra.
O que me assusta é que nunca vi ninguém simplesmente sugerir que se abdique dos carros, em prol de outros meios de transporte. Esta não é uma questão que parece incomodar as pessoas. E olha que vivemos num mundo onde a vida longa e saudável é uma obrigação: ninguém pode mais fumar, comer alimentos gordurosos, sujar a cidade, emitir poluentes, entrar em brigas, usar drogas pesadas nem fazer nada que possa diminuir a extensão de nossa vida ou da vida do planeta.
O carro é o meio de transporte mais burro que já inventaram: ele polui, é perigoso, caro pra caralho (pro estado e pro dono) e o pior de tudo é que ele depende de um idiota atrás do volante que faz o que quiser com ele. Alguém já imaginou uma cidade sem carros, só metrôs, alguns trens de superfícies, funiculares (em cidades com terreno acidentado), biciletas e segways para distancias curtas e ocasionalmente uns ônibus? Imagina como seria mais bonita, limpa, calma. Óbvio que isto necessitaria de um investimento inicial gigante, mas a longo prazo estradas são mais caras, pois exigem mais manutenção, reparos, além dos gastos com seguros etc. Que deixassem os carros só para situaões offroad, onde não há trilhos. Nossa vida seria completamente diferente, tanto que mal é possível fazer uma imagem mental. Mas desconfio que seria melhor. Não ia ter crise do petróleo, por exemplo. Provavelmente não ia ter intervenção americana no Oriente Médio. Não ia ter de derramamentos de óleo, explosão de plataformas petrolíferas e similares. Não ia ter a musiquinha irritante da propaganda da PetroBras. Ou ia ter menos, pois o petróleo teria menor procura e, logo, menor preço.
Claro que isto nunca vai acontecer. Claro que é uma merda morar em BH sem carro, não dá pra ir no Santa Tereza a não ser de taxi; Baile da Saudade então fica fora de cogitação pra quem mora na zona centro-sul. Aqui no Rio nem tanto, o metrô funciona muito bem e tem muito ônibus de madrugada pra onde eu moro (Lapa-Tijuca deve ter uns 5 diferentes, sempre cheios até 3 da manhã), os taxis são mais baratos também. De vez em quando faz falta um carro pra ir pra uma praia mais legal, tipo Itacoatiara ou Recreio, que exigem mais de 2 horas de ônibus. Pegar estrada com os amigos também é muito legal as vezes. Mas eu abriria mão fácil dessas coisas em prol de um mundo sem carros. Fácil.
A não ser que fossem carros voadores. Aliás, o ano 2000 está chegando: voltaram a produzir o DeLorean, só que ainda é o do De Volta Para o Futuro I, o que não voa. Damn.
Eros e psiquê
Eram dois palhaços. Ele careca, ela de cabelo espetado.
Ele tinha uma lágrima desenhado no rosto, morava em um cidade fria e vazia. Vivia vagando por ruas escuras, fazendo seja lá o que palhaços costumam fazer em ruas escuras. À meia noite sentava-se em uma mesa de pano xadrez branco e vermelho, em um daqueles restaurantes enfumaçados que servem comidas quentes e bebidas frias. Acompanhava com os olhos o movimento lento e cronometrado dos ponteiros de um velho relógio que enfeitava a parede. Contava silenciosamente as rachaduras do teto, e ainda mais silenciosamente dialogava sozinho sobre o sofrimento de saber que as coisas passam mais depressa que o tempo.
Ela tinha muitas coisas desenhadas no corpo. Flores, cartas, corações e nenhuma lágrima. Morava na mesma cidade, que não era nada fria ou vazia. Vivia cercada de cores fortes e tinha um cheiro muito vivo. Um cheiro bom, de que não sabe nada sobre a vida, e como de costume entre as pessoas felizes, prefere não saber. Ia todos os dias ao mesmo restaurante, mas nunca percebeu o reológio que enfeitava a parede. Há muito esquecera como se olham as horas. Quando chegava, todos olhavam, e ela gostava quando olhavam. Sorria um sorriso sincero, desses que costumam sorrir as pessoas inocentes e as crianças de seis anos. Ficava feliz em saber que na vida as coisas passam e se esquecem do tempo.
Um dia se encontraram. Ele andava depressa pela rua sombria, e ela passeava com calma pelo jardim colorido. Amaram-se por um instante, aquele tipo de amor leve e sem nenhuma consequência. O instante passou e cada um segiu seu caminho, fazendo sabe-se lá o que palhaços costumam fazer em ruas sombrias e palhaças costumam fazer em jardins coloridos.
Ela fez ele chorar, ele fez ela sorrir.
Ele tinha uma lágrima desenhado no rosto, morava em um cidade fria e vazia. Vivia vagando por ruas escuras, fazendo seja lá o que palhaços costumam fazer em ruas escuras. À meia noite sentava-se em uma mesa de pano xadrez branco e vermelho, em um daqueles restaurantes enfumaçados que servem comidas quentes e bebidas frias. Acompanhava com os olhos o movimento lento e cronometrado dos ponteiros de um velho relógio que enfeitava a parede. Contava silenciosamente as rachaduras do teto, e ainda mais silenciosamente dialogava sozinho sobre o sofrimento de saber que as coisas passam mais depressa que o tempo.
Ela tinha muitas coisas desenhadas no corpo. Flores, cartas, corações e nenhuma lágrima. Morava na mesma cidade, que não era nada fria ou vazia. Vivia cercada de cores fortes e tinha um cheiro muito vivo. Um cheiro bom, de que não sabe nada sobre a vida, e como de costume entre as pessoas felizes, prefere não saber. Ia todos os dias ao mesmo restaurante, mas nunca percebeu o reológio que enfeitava a parede. Há muito esquecera como se olham as horas. Quando chegava, todos olhavam, e ela gostava quando olhavam. Sorria um sorriso sincero, desses que costumam sorrir as pessoas inocentes e as crianças de seis anos. Ficava feliz em saber que na vida as coisas passam e se esquecem do tempo.
Um dia se encontraram. Ele andava depressa pela rua sombria, e ela passeava com calma pelo jardim colorido. Amaram-se por um instante, aquele tipo de amor leve e sem nenhuma consequência. O instante passou e cada um segiu seu caminho, fazendo sabe-se lá o que palhaços costumam fazer em ruas sombrias e palhaças costumam fazer em jardins coloridos.
Ela fez ele chorar, ele fez ela sorrir.
TOC
O primeiro blog que eu vi era uma coleção de asneiras no melhor estilo "meu querido diário". De lá pra cá acho que as coisas mudaram um pouco - que dizer, você pode ler sobre música, quadrinhos, política e até filosofia em blogs. Mas claro, você só vai ler coisas boas se souber escolher seus autores.
Enfim, escrever pra mim é natural e incontrolável. O difícil não é sentar pra escrever, mas tentar fazer qualquer coisa pra NÃO jogar tudo o que está na cabeça pro papel, pra tela, pra Internet. Quando recebi o convite pra escrever aqui topei na mesmíssima hora. Se não consigo calar a boca, parar de "verborragizar" as coisas que penso, melhor seria fazer isso aqui em boa companhia.
Antes de começar a escrever, algo lá pelos 12 anos e antes, eu desenhava. Se tivesse continuado talvez entendesse algo sobre desenho hoje, mas eu abandonei a prática. Tudo começou quando eu descolei um caderno em branco numa despensa velha e comecei a bolar uma história, que ia crescendo e crescendo até eu ver que não fazia qualquer sentido e parar com ela. Mas no próximo mês eu fazia outra e outra, e tem sido assim até hoje. Contando histórias, escrevendo idiotices, propagando minha cabeça horrível por aí.
Então é isso, acho. Pelo menos por enquanto. Não que rumos essa brincadeira vai tomar, mas torço pra que ela continue por um bom tempo.
Enfim, escrever pra mim é natural e incontrolável. O difícil não é sentar pra escrever, mas tentar fazer qualquer coisa pra NÃO jogar tudo o que está na cabeça pro papel, pra tela, pra Internet. Quando recebi o convite pra escrever aqui topei na mesmíssima hora. Se não consigo calar a boca, parar de "verborragizar" as coisas que penso, melhor seria fazer isso aqui em boa companhia.
Antes de começar a escrever, algo lá pelos 12 anos e antes, eu desenhava. Se tivesse continuado talvez entendesse algo sobre desenho hoje, mas eu abandonei a prática. Tudo começou quando eu descolei um caderno em branco numa despensa velha e comecei a bolar uma história, que ia crescendo e crescendo até eu ver que não fazia qualquer sentido e parar com ela. Mas no próximo mês eu fazia outra e outra, e tem sido assim até hoje. Contando histórias, escrevendo idiotices, propagando minha cabeça horrível por aí.
Então é isso, acho. Pelo menos por enquanto. Não que rumos essa brincadeira vai tomar, mas torço pra que ela continue por um bom tempo.
segunda-feira, 30 de julho de 2007
Uma certa verdade em toda mentira
Esse primeiros parágrafos são extremamente desnecessários. Se você é daqueles que lêem com pressa, sugiro que pule logo para o meio do texto, que assim não perde tempo lendo essas linhas gordurosas e entediadas que hora escrevo, que servem ao propósito único de encher de palavras essa noite tediosa, na qual me fazem compania não mais que umas garrafas de cerveja, um maço de cigarros e esse laptop sem nenhum jogo interessante.
O tédio é uma invenção dos solitários. Digo, quem tem compania interessante não fica entendiado. Por outro lado, acho que me sinto menos solitário quando não estou entediado. É cíclico. Quase lovecraftiano isso, se me permitem o exagero.
O real motor dessas linhas é o tédio. E a solidão é o seu combustível. Gostaria de poder dizer que assim como alguns sinto uma grande necessidade de escrever sobre tudo aquilo que me passa, mas eu estaria mentindo. Eu sinceramente prefiro ir ao cinema, sentar em um boteco, ou mesmo simplesmente papear com uma pessoa interessante à escrever qualquer coisa que seja. Então não esperem muito delas - das linhas - , pois elas não são nada senão o fruto de uma noite triste, solitária, e desocupada.
Eu nunca soube mentir nos meus textos, mas também nunca soube dizer a verdade ( sim, é nesse parágrafo que aqueles que resolveram poupar tempo e pular as primeiras palavras dessas linhas deveriam retomar a leitura; mas aviso: pode ser que se decepcionem assim mesmo, e que todo o resto do que ainda vou dizer não seja também nada que valha a pena ser lido) . O que eu me pergunto e se alguém sabe.
Tenho reparado que tudo que leio, ao invés de falar sobre o que é que sente o autor, fala sobre as coisas que ele gostaria de estar sentindo, ou pelo menos de coisas que ele gostaria que as outras pessoas pensassem que ele está sentindo. Nunca se é completamente sincero quando se escreve. Sentimentos não são assim, profundos e interessantes. São sempre rasos, simples, e não renderiam nem mesmo ao mais prolixo dos escritores mais que duas ou três linhas simples e desengonçadas. É preciso que se minta um pouquinho pra coisa ficar minimamente atraente.
Ao mesmo tempo, eu nunca vi um bom escrito que fosse completamente desvinculado daquilo que sente o escritor. Acho que isso exigiria uma capacidade literária ainda inédita em nosso planeta, e nem mesmo o mais imparcial jornalista consegue escrever algo que presta sem deixar transparecer ao menos um pouquinho daqueles sentimentos simples e desengonçados que o afligem. Precisamos de um pouquinho de verdade pra que as mentiras se tornem interessantes.
Precisamos dizer a verdade para podermos mentir, e mentimos pra que as verdades fiquem um pouquinho mais bonitas.É cíclico.
Quase lovecraftiano isso, se me permitem o exagero.
O tédio é uma invenção dos solitários. Digo, quem tem compania interessante não fica entendiado. Por outro lado, acho que me sinto menos solitário quando não estou entediado. É cíclico. Quase lovecraftiano isso, se me permitem o exagero.
O real motor dessas linhas é o tédio. E a solidão é o seu combustível. Gostaria de poder dizer que assim como alguns sinto uma grande necessidade de escrever sobre tudo aquilo que me passa, mas eu estaria mentindo. Eu sinceramente prefiro ir ao cinema, sentar em um boteco, ou mesmo simplesmente papear com uma pessoa interessante à escrever qualquer coisa que seja. Então não esperem muito delas - das linhas - , pois elas não são nada senão o fruto de uma noite triste, solitária, e desocupada.
Eu nunca soube mentir nos meus textos, mas também nunca soube dizer a verdade ( sim, é nesse parágrafo que aqueles que resolveram poupar tempo e pular as primeiras palavras dessas linhas deveriam retomar a leitura; mas aviso: pode ser que se decepcionem assim mesmo, e que todo o resto do que ainda vou dizer não seja também nada que valha a pena ser lido) . O que eu me pergunto e se alguém sabe.
Tenho reparado que tudo que leio, ao invés de falar sobre o que é que sente o autor, fala sobre as coisas que ele gostaria de estar sentindo, ou pelo menos de coisas que ele gostaria que as outras pessoas pensassem que ele está sentindo. Nunca se é completamente sincero quando se escreve. Sentimentos não são assim, profundos e interessantes. São sempre rasos, simples, e não renderiam nem mesmo ao mais prolixo dos escritores mais que duas ou três linhas simples e desengonçadas. É preciso que se minta um pouquinho pra coisa ficar minimamente atraente.
Ao mesmo tempo, eu nunca vi um bom escrito que fosse completamente desvinculado daquilo que sente o escritor. Acho que isso exigiria uma capacidade literária ainda inédita em nosso planeta, e nem mesmo o mais imparcial jornalista consegue escrever algo que presta sem deixar transparecer ao menos um pouquinho daqueles sentimentos simples e desengonçados que o afligem. Precisamos de um pouquinho de verdade pra que as mentiras se tornem interessantes.
Precisamos dizer a verdade para podermos mentir, e mentimos pra que as verdades fiquem um pouquinho mais bonitas.É cíclico.
Quase lovecraftiano isso, se me permitem o exagero.
Ratos de Padaria
Vocês já repararam que toda padaria tem mania de colocar um desenho de um rato no saco de pão? Normalmente é um desenho do Topo Gigio, mas algumas colocam o Mickey. Sempre ratos. Será que no submundo das padarias eles gostam de ratos? Porque todo mundo sabe que dentro da padaria, onde eles guardam os sacos de farinha de trigo, é cheio de rato e barata. A gente ignora isso e fica tudo bem. Mas a partir do momento em que a padaria estampa esse rato em seu produto, eles não estão apenas admitindo a existência desses imundos animaizinhos no local onde os alimentos são preparados: eles estão se orgulhando de sua presença! É muito estranho.
Début é coisa de veado. É estréia mesmo, porra!
Fui convidado por um amigo para participar deste blog pseudo-literário, com a proposta de "escrever textos sobre qualquer coisa que vier à cabeça". Recusei instantaneamente, uma vez que eu nunca gostei de escrever (mentira, eu adorava escrever quando era criança, e todos - professores, pais e amigos - diziam que eu o fazia muito bem, mas isso ficou lá nos anos 80, quando eu não era roqueiro nem vagabundo), e gosto menos ainda de blogs, então o que diabos eu iria fazer aqui? Bah, pensei, o que eu tenho a perder? Conhecendo as pessoas que criaram isso aqui, tenho certeza que não existe a pretensão de criar (mais) um espaço intelectualóide. Além do mais, volta e meia eu penso em alguma bobagem, ou vejo algo digno de nota na televisão ou internet, quero comentar com alguém e não tem ninguém por perto; que lugar melhor que um blog para escrever esses devaneios fúteis?
Então cá estou, fazendo algo que não faço há muito tempo, torcendo para acontecer comigo o que sempre vi acontecer com meus amigos que tiveram essa iniciativa há mais tempo, desde que surgiram os blogs: me descerem o cacete. Porque de abraços minha vida já está cheia, e eu tenho a convicção de que são as críticas (principalmente as "destrutivas") que mostram que alguém está prestando atenção no que você diz. Mas pra ser devidamente gongado na Internet é preciso competência - ou pelo menos experiência - e eu não tenho nenhum dos dois, então por enquanto vou me contentando com a mediocridade e o anonimato, e sigo escrevendo essa linhas mal-traçadas e cheia dos clichês típicos dos novatos.
Obrigado pelo convite, e espero que não se arrependam.
Bienvenutti a tutti frutti
Quando eu era criança meu pai me deu uma máquina de escrever. Eu não sabia escrever direito ainda, mas a máquina também não sabia. Eu aprendi a enfiar o papel nela, e bater nas letrinhas, e parecia mágica que subitamente aquele papel branco estava cheio de letras, com uma aparência muito semelhante aos livros que eu via em casa. Aquele ato se tornou uma obsessão e em breve um já estava escrevendo tudo que me passava pela cabeça. Eram em sua maioria textos de ficção baseados nas poucas coisas que eu conhecia na vida. Quando a gente é criança, não sabe nada, e por isso fica empolgado com qualquer coisa. Era só fazer uma visita á Gruta da Lapinha que aquilo já virava um incrível livro de aventuras, cheio de ilustrações excitantes e textos vigorosos cheios de adjetivos interessantes. Ou pelo menos era isso que eu pensava que eu estava fazendo com aqueles pedaços de papel e aquelas canetinhas hidrocor, sentado no chão da sala, em uma tarde de segunda-feira de 1984.
Uma tarde muito semelhante à tarde de hoje. Assustadoramente semelhante.
Uma tarde muito semelhante à tarde de hoje. Assustadoramente semelhante.
Boas vindas
É curioso como as tardes ociosas podem ser tão diferentes entre si. As tardes de domingo, por exemplo, já se esperam que sejam ociosas, e exatamente por isso elas são geralmente muito pouco produtivas. Se você come umas batatinhas, toma uma cerveja e assiste um filmezinho ruim, daqueles que passam na televisão, já se da por satisfeito, e vai dormir com a sensação de missão cumprida.
Nos outros dias da semana a coisa se complica um pouco. Não ter nada pra fazer parece errado, e você se sente meio vagabundo. Olha pra um lado e pro outro meio angustiado, fica com medo de chegar alguém e te pegar ali, naquele ócio danado. É uma coisa quase pecaminosa. O tédio bate mais forte também, e você acaba inventando alguma coisa pra fazer. Existem aqueles que vão ao banco, os que organizam as contas do mês, os que ligam pros familiares esquecidos e os que marcam as consultas com os médicos que precisam ver. Mas existe ainda um outro tipo de gente, uma espécie muito rara, quase em extinção: Os Resignados.
Essas criaturas iluminadas são dotadas de uma compreensão muito inteligente da vida, que apesar de simples escapa à maioria dos seres humanos. Essas pessoas simplesmente não fazem a menor questão de serem pessoas úteis. Estão satisfeitas com o inútil, se divertem com a frivolidade e não tem vergonha de babar no travesseiro.
É desse tipo de gente que nascem blogs como esse. Blogs que não se propõe a nenhum propósito em especial. Blogs que dizem sobre nada e sobre tudo ao mesmo tempo. Questões existenciais, críticas sociais, discussões sobre a vida alheia - fofocas, se preferir - , comentários esportivos, poemas que não rimam, poemas que rimam, catarses emocionais, e até mesmo aqueles textos que falam sobre absolutamente coisa nenhuma. Aqui, todos esses temas serão tratados com a mesma [ir]reverência. Alguns serão engraçados, outros não. Alguns serão bons, outros ruins, e pode ser até mesmo que a gente copie textos de outros blogs por aí.
Se você for um cara legal, pode escrever com a gente. E se morar perto da Savassi, pode beber com a gente também, desde que não se importe em escrever de graça e beber barato, por que grana é uma coisa que definitivamente não temos, e esse blog já custa muito caro; necessita de pelo menos dois engradados de cerveja por semana para que continue existindo.
Só o que prometemos é que sempre seremos pessoas resignadas com o seu ócio, e nunca nos preocuparemos em parecer ocupados naquelas segundas desocupadas...
Nos outros dias da semana a coisa se complica um pouco. Não ter nada pra fazer parece errado, e você se sente meio vagabundo. Olha pra um lado e pro outro meio angustiado, fica com medo de chegar alguém e te pegar ali, naquele ócio danado. É uma coisa quase pecaminosa. O tédio bate mais forte também, e você acaba inventando alguma coisa pra fazer. Existem aqueles que vão ao banco, os que organizam as contas do mês, os que ligam pros familiares esquecidos e os que marcam as consultas com os médicos que precisam ver. Mas existe ainda um outro tipo de gente, uma espécie muito rara, quase em extinção: Os Resignados.
Essas criaturas iluminadas são dotadas de uma compreensão muito inteligente da vida, que apesar de simples escapa à maioria dos seres humanos. Essas pessoas simplesmente não fazem a menor questão de serem pessoas úteis. Estão satisfeitas com o inútil, se divertem com a frivolidade e não tem vergonha de babar no travesseiro.
É desse tipo de gente que nascem blogs como esse. Blogs que não se propõe a nenhum propósito em especial. Blogs que dizem sobre nada e sobre tudo ao mesmo tempo. Questões existenciais, críticas sociais, discussões sobre a vida alheia - fofocas, se preferir - , comentários esportivos, poemas que não rimam, poemas que rimam, catarses emocionais, e até mesmo aqueles textos que falam sobre absolutamente coisa nenhuma. Aqui, todos esses temas serão tratados com a mesma [ir]reverência. Alguns serão engraçados, outros não. Alguns serão bons, outros ruins, e pode ser até mesmo que a gente copie textos de outros blogs por aí.
Se você for um cara legal, pode escrever com a gente. E se morar perto da Savassi, pode beber com a gente também, desde que não se importe em escrever de graça e beber barato, por que grana é uma coisa que definitivamente não temos, e esse blog já custa muito caro; necessita de pelo menos dois engradados de cerveja por semana para que continue existindo.
Só o que prometemos é que sempre seremos pessoas resignadas com o seu ócio, e nunca nos preocuparemos em parecer ocupados naquelas segundas desocupadas...
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