Quando eu era criança meu pai me deu uma máquina de escrever. Eu não sabia escrever direito ainda, mas a máquina também não sabia. Eu aprendi a enfiar o papel nela, e bater nas letrinhas, e parecia mágica que subitamente aquele papel branco estava cheio de letras, com uma aparência muito semelhante aos livros que eu via em casa. Aquele ato se tornou uma obsessão e em breve um já estava escrevendo tudo que me passava pela cabeça. Eram em sua maioria textos de ficção baseados nas poucas coisas que eu conhecia na vida. Quando a gente é criança, não sabe nada, e por isso fica empolgado com qualquer coisa. Era só fazer uma visita á Gruta da Lapinha que aquilo já virava um incrível livro de aventuras, cheio de ilustrações excitantes e textos vigorosos cheios de adjetivos interessantes. Ou pelo menos era isso que eu pensava que eu estava fazendo com aqueles pedaços de papel e aquelas canetinhas hidrocor, sentado no chão da sala, em uma tarde de segunda-feira de 1984.
Uma tarde muito semelhante à tarde de hoje. Assustadoramente semelhante.
segunda-feira, 30 de julho de 2007
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