quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Recomendação #17


Quando fui convidado para participar do Corona, imediatamente me veio a mente escrever sobre histórias em quadrinhos[1].

Mas feita a convocação às armas, as turbulências do dia a dia me fizeram esquecer do blog por duas ou três semanas. No entanto, minha idéia original era fazer um post humilde e gentil de apresentação e falar um pouco de Jimmy Corrigan or The Smartest Kid on Earth. Quando entrei ontem no site depois de uma intimada cortês do Bernardo, minha estratégia de aceitação no grupo veio abaixo, já que alguém havia escrito sobre o Jimmy Corrigan, e bem melhor do que eu faria. Não conheço o Cláudio, mas começou mandando muito bem no post sobre o Chris Ware.

Assisti ano passado ao Ghost World, filme bem bacaninha sobre duas garotas, uma geek e a amiga descolada dela (Scarlet Johansson em 2001, com 17 anos), e alguns ritos de passagem na vida delas, no momento transitório entre a adolescência e a vida adulta. É na verdade bem menos clichê do que parece, e a caixa do DVD dizia se tratar da adaptação de um quadrinho indie. Achei legal e fui procurar na Amazon. Não sei se o Jimmy Corrigan foi um dos pacotes que a loja ofereceu ou se vi em alguma lista de recomendados, mas uma história urbana de desilusão, solidão, e alienação parecia interessante o suficiente para valer a compra.

The Smartest Kid on Earth ganhou um Eisner por seu design, mas é a união entre arte e narrativa que fazem essa graphic novel ser uma das histórias mais poderosas que eu já li. Não são só brincadeiras no Ilustrator: cada centímetro da obra é aproveitada, carregada de simbologia e uma ironia afiada, as armas narrativas que se tudo der certo, vão te fazer ficar triste e chorar.

Chris Ware quer contar uma história sua para todo mundo que já se sentiu desesperado, sozinho ou distante. Não é uma história fácil de ler, nem é recomendada para alguns momentos da vida. O autor sabe disso, e não deixa de atacar os hipsters que se interessam apenas por ter o livro para se sentirem mais legais ou modernos, e recomenda na excelente “General Instructions”:

“The book need not be read at all, but simply placed on display as a symbol of one´s youthful exuberance, like a flashly motorcar, or the music of the American south, performed by an aristocrat”.

Não percam!



[1] Bem, essa é uma meia verdade. Eu queria mesmo era escrever sobre música. Mas tenho preguiça, por faltar uma certa virtuosidade, ser pobre de adjetivos (admito que tenho dificuldade em extender meu vocabulário de adulação musical para muito além do “essa guitarra é do caralho” ou ofensas brejeiras do tipo “ao invés de ouvir esses viados de terno e All-Star, você devia era catar um torrent com a discografia do Velvet Underground”) e francamente, acreditar que tem muita gente por ai fazendo isso muito melhor que eu faria. Mas vou escrever sobre música também, ou assim eu espero.

2 comentários:

Rogério Brittes disse...

no quadrinho do Ghost World as duas são geeks, e meio feinhas. essa é uma das coisas mais estranhas do filme, aliás. a Thora Birch e a Scarlett Johansson como "esquisitas"? OK...

Garrell disse...

Vou fazer um post sobre o quadrinho em breve...mas sei lá, esperava um pouco mais, achava que seria um pouquinho maior.

E verdade seja dita, todo mundo lá é feinho:)