Em mais uma dessas conversas de bar que passam voando e têm intervalos cada vez maiores entre elas, debatia com Gabi Penélope quais seriam as mortes mais rock and roll da história do mesmo. Como o conceito de o que seria uma morte rock and roll começou a derivar muito e discordamos cada vez mais nele, decidimos fazer duas listas separadas. Aqui vai a minha.
Para mim o conceito de "morte rock and roll" é uma mistura de 1. o quanto eu gostaria de ter essa morte (sendo que quanto mais eu invejar a morte, mais rock and roll ela é) 2. quantos % do corpo do morto sobraram para o enterro e 3. a motivação da morte (i.e. suicídio é a coisa mais não-rock-and-roll do mundo).
Sendo assim, vejamos as 5 mortes mais rock and roll da história do rock:
5. Karen Carpenter (The Carpenters) - Anorexia
Karen Anne Carpenter e seu irmão Richard formavam a dupla perfeita da música pop: brancos, cristãos, afinados, fofinhos, eles eram tudo que a música pop queria nos anos 1970. No entanto, o que parecia um sonho de ternura escondia uma mulher de verdade, com anseios e problemas que a sociedade americana daquela época não estava disposta a expôr na mídia. Sua morte em 1975, provocada por um distúrbio alimentar, forçou um debate sobre o tema, justo em uma época em que as dietas milagrosas comandavam. O problema persiste até hoje, e o caso Carpenter entrou para a história do rock como um dos mais chocantes relatos de contraste entre a imagem do artista e sua vida real, além de ser um exemplo trágico do que o sucesso pode fazer com as pessoas.
4. Richie Valens, Big Bopper & Buddy Holly - Acidente de avião
O episódio que ficou imortalizado na canção de Don McLean como "o dia em que a música morreu" foi um dos maiores traumas da história do rock e pode ser considerado um marco divisório entre a fase inicial do rock romântico e inocente dos anos 1950 com o rock sarcástico e realista da primeira metade dos anos 1960.
No dia 3 de Fevereiro de 1959, em Clear Lake, Iowa, um pequeno avião caiu em meio a uma forte tempestade. Dentro viajavam, além do piloto Roger Peterson, os rockeiros Charles Hardin Holley, Richard Steven Valenzuela e Jiles Perry Richardson Jr., três ídolos da juventude naquela época e que tiveram suas carreiras todas interrompidas ao mesmo tempo, graças ao péssimo planejamento da turnê "The Winter Dance Party", que marcou shows em 24 cidades sem se preocupar com a ordem em que eles iriam acontecer. Por causa disso, os artistas tinham que viajar longas distâncias em um ônibus com aquecimento quebrado. Logo no início da turnê, o baterista Carl Bunch teve os pés congelados e foi hospitalizado.
Com o saco cheio de passar frio no ônibus, Buddy Holly e banda decidiram contratar um avião para viajar até a próxima cidade da turnê. Antes da viagem, ambos os integrantes da banda se safaram da morte trocando seus lugares por dois outros headliners da turnê: Waylon Jennings cedeu seu lugar a um gripado Big Bopper, enquanto Ritchie Valens, que nunca tinha viajado de avião, conseguiu ficar com o lugar de Tommy Allsup no avião, em um prosaico cara-ou-coroa. O outro cantor principal da turnê, Dion DiMucci, da banda Dion & the Belmonts, também foi convidado por Buddy Holly a viajar no avião, mas ficou com vergonha de pagar $36 dólares pela viagem. Sua humildade, a gentileza de Jennings e o azar de Allsup acabaram matando, sem querer, os três ídolos juvenis e marcando para sempre a trajetória do rock and roll.
3. Marvin Gaye - Assassinado pelo próprio pai
Durante os anos 60, Marvin Gaye foi o maior cantor da gravadora Motown, emplacando sucessos como "I heard it through the grapevine" e "Ain´t no mountain high enough". No entanto, sempre antenado com seu tempo, no final dos anos 60 Gaye ficou entediado com o sistema Motown de fazer música - regras estritas que criavam hits garantidos no rádio. Em 1971, contrariando crítica, público, amigos e patrões, lançou um disco genial chamado "What´s Going On", um marco na música pop que definiu de uma vez por todas a vocação da soul music e do funk ao comentário social e a temas mais maduros, ao invés do mesmo baby-eu-te-amo de sempre. Gaye teve uma vida conturbada, cheia de altos (vários hits, milhões de discos vendidos) e baixos (a morte de sua parceira Tammi Terrell em 1970, o divórcio em 1978, a falência total em 1979). Em 1983, fez sua última turnê pelos EUA, e então refugiou-se na casa dos pais, lutando contra a depressão e as drogas. Apesar de tudo isso, e das várias tentativas de suicídio, Gaye morreu em 1984, assassinado a tiros, dentro de casa, pelo próprio pai, durante uma briga sobre os negócios da família.
2. Mark Sandman (Morphine) - Ataque cardíaco em pleno palco
Na verdade essa lista nasceu porque eu estava pensando em como deve ser paia morrer velho, com esclerose múltipla, em coma... e que deve ser muito mais doido fazendo alguma coisa que você gosta muito. Então eu me lembrei do Mark Sandman. Morrer de ataque cardíado é uma coisa. Morrer de ataque cardíaco no meio de um show, é outra. Ele tinha 47 anos de idade, e provavelmente fumava, cheirava, bebia e tudo mais. Foi uma morte digna, de guerreiro: tombar no campo de batalha durante o combate. Poucas pessoas podem se dar ao luxo de morrer como viveram.
1. John Entwistle (The Who) - Overdose aos 57
Só tem uma coisa mais rock and roll do que morrer de ataque cardíaco no meio de um show aos 47 anos - morrer de overdose aos 57 anos com duas putas em um hotel de Las Vegas. Durante toda sua carreira, Entwhistle era "aquele baixista quietinho do Who que nunca fala nada e fica o show inteiro paradão". Obviamente, apenas fãs idiotas pensavam isso. Entwhistle era um porra louca como outro qualquer, fazia shows fantasiado de caveira e ainda mandava aquela voz de capetão em "Summertime Blues" e "Boris the Spider". Além disso, tinha mais de 200 baixos, e tocava com uma distorção que muitas bandas de metal teriam medo de usar. Sua morte é um exemplo para todos nós, que esperamos morrer antes de ficarmos velhos. Ele, com certeza, conseguiu!
Nota do editor: essa lista é obviamente uma grande baboseira, como toda lista sempre é... se você discorda ou tem sugestões de mortes mais rock and roll, deixe um comentário!!
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
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14 comentários:
Muito boas, essas mortes. Vou fazer a minha própria lista depois. E aposto que o Rogério, o Tulio, o Barbi, o Theo e a Lu vão querer fazer as deles também. Afinal, se tem uma coisa que os anos de Fafich nos ensinou foi fazer listas idiotas.
Na verdade a Fafich nos ensinou a fazer muitas coisas idiotas. Mas enfim...
ok, a lista tá boa, mas se suicídio não é rock 'n' roll, anorexia com certeza tb não é, por mais que tenha importância social e toda uma história legal por trás, cheia de mentiras e falsidade. aliás já viu o filme do todd haynes que conta a história dela através de bonecas barbie? genial.
Na verdade eu não tou nem aí pra anorexia, eu só queria que tivesse alguma mulher na lista.
Anorexia não é rock'n'roll não. Na verdade é tipo, hmmm, grindcore.
Eu acho que qualquer coisa que envolve vumito pode ser considerado rock and roll.
A do Dimebag Darrell foi foda tbm.
PS: Buddy Holly foi um dos maiores gênios da música para mim.
perna, grumito é bulimia, não anorexia.
A morte mais rock'n'roll pra mim foi a do GG Allin, mas como o Cláudio já falou da segunda melhor fiquei com aquela preguiça de fazer um post sobre isso...
O que o GG Allin fez? Enfiou um javali no cú?
Foi só alguém montar uma lista pra dar rebuliço né? A galera sai da fafich mas a fafich não sai da galera.
Let´s... push... things... forward...
Barbi, o GG Allin tava dando um show em que ele estava fazendo suas performances de sempre (fazendo cocô no palco, enfiando o microfone no rabo e etc..) então ele tirou o resto da roupa que ainda estava no seu corpo, saiu do palco, deu porrada numas pessoas que estavam assistindo o show, saiu correndo do lugar onde estava sendo o show, correu pelado alguns quarteirões e caiu morto de overdose, puro glamour!
Correção Karen morreu em 1983 e não em 1975
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