Ou o escuro desespero de uma alma desperta.
É tão escuro que você às vezes se perde. É denso, muito denso. A angustia das coisas incompletas toma conta do peito, deixando espaço nenhum para o ar, e a garganta arranha como se houvesse engolido um pedaço do deserto. A coleção de livros na parede, caoticamente organizada, já não trás mais o interesse que deveria trazer, e você não sabe bem o que fazer com eles. Seus discos também não trazem mais nenhum conforto ou alegria.
Resolve conta-los. Se forem pares - você pensa - tudo ficará bem. Se forem ímpares você vai se sentar e chorar. São pares, e você resolve contar de novo.
Você pensa que deveria acender a luz, ler um livro, ouvir um disco, mas não é nada disso que você quer fazer. Não quer ouvir dramas fictícios de sofredores que não existem. Eisenstein. Você vê o nome na capa de um livro e pensa que queria chamar-se Eisenstein. Queria chamar-se qualquer coisa que não fosse seu nome, queria viver uma vida que não fosse a sua.
Não. Sua vida não deixa. Como um monstro dantesco devora uma a uma todas as sua esperanças, e arranca a dentadas os pensamentos felizes. Você espera. Talvez quando terminar de ser digerido uma certa resignação confortável tome conta de você, e um sono profundo te faça ir para longe desse lugar denso e escuro. Mas infelizmente você insiste e persiste, e por tempo demais sufoca a voz que te diz para desistir.
Você era a criança que roubava o sutiã das meninas na aula de natação, para depois joga-los na piscina e ficar rindo sozinho. Pulava o muro da construção só para fugir dos porteiros, e mentia para sua mãe dizendo que havia se machucado andando de bicicleta. Essa criança não se contenta com pouco. Não quer sucumbir e entender que nada vai ficar bem. Não aquela criança que ria das moças de sutiã molhado.
De olhos fechados você se sente melhor. Fica pensando se está vendo as costas das pálpebras ou se simplesmente não está vendo nada. Tenta se lembrar das aulas de biologia onde ensinavam coisas sobre os olhos, e se lembra que achou que os poetas e os biólogos falam mais sobre eles do que há neles para se falar. Sua alma não tem janelas, só paredes sufocantes e um vazio que da medo.
Talvez se você ficar assim, de olhos fechados, alguém venha te acordar com um beijo dizendo que vai ficar tudo bem, e que esse cheiro bom que está vindo da cozinha é o café da manhã. Então vocês se sentarão à mesa, comerão frutas e beberão café fresco, e a manhã vai passar rapidamente enquanto vocês conversam sorrindo sobre as mais deliciosas amenidades, e sobre como serão felizes para sempre.
No almoço decidirão o nome do filho que um dia vão ter. Vai ser algo simples, como Pedro ou João. Você vai pensar que nunca tinha reparado que essas paredes brancas são bonitas e calmas. Vão rir do cachorro que sempre se esconde debaixo do sofá, assistir um desenho qualquer na TV e confessar que estão apaixonados um pelo outro.
A tarde, quando as nuvens deixarem o sol se abrir e o calor apertar, vocês irão para a piscina, e a água vai refletir toda a felicidade dos sonhos realizados, e você vai contar sobre aquela vez em que jogou o sutiã das meninas na água, só para vê-las indo embora com a camisa molhada na altura dos peitos, e como nesse mesmo dia você se cortou ao pular o muro de uma construção, e teve que mentir para sua mãe para que ela não descobrisse.
A noite será agradável. Discutirão sobre um livro que está na sua prateleira, ouvindo o seu disco preferido, e decidirão que devem pedir comida pelo telefone. Vão ver o sol que ficou guardado no rosto um do outro, e vão rir mesmo sabendo que isso não tem graça nenhuma. Vão comer e ter sono. Se abraçar e dormir
Mas você abre os olhos, e alguém não virá. Talvez se você tivesse ficado de olhos fechados. Com eles abertos alguém nunca vem. Você está sozinho, já faz tempo que está sozinho, e amanhã vai ser um dia como outro qualquer.
A culpa é dos discos. Eles são pares, e não te dão desculpa para chorar.
É tão escuro que você às vezes se perde. É denso, muito denso. A angustia das coisas incompletas toma conta do peito, deixando espaço nenhum para o ar, e a garganta arranha como se houvesse engolido um pedaço do deserto. A coleção de livros na parede, caoticamente organizada, já não trás mais o interesse que deveria trazer, e você não sabe bem o que fazer com eles. Seus discos também não trazem mais nenhum conforto ou alegria.
Resolve conta-los. Se forem pares - você pensa - tudo ficará bem. Se forem ímpares você vai se sentar e chorar. São pares, e você resolve contar de novo.
Você pensa que deveria acender a luz, ler um livro, ouvir um disco, mas não é nada disso que você quer fazer. Não quer ouvir dramas fictícios de sofredores que não existem. Eisenstein. Você vê o nome na capa de um livro e pensa que queria chamar-se Eisenstein. Queria chamar-se qualquer coisa que não fosse seu nome, queria viver uma vida que não fosse a sua.
Não. Sua vida não deixa. Como um monstro dantesco devora uma a uma todas as sua esperanças, e arranca a dentadas os pensamentos felizes. Você espera. Talvez quando terminar de ser digerido uma certa resignação confortável tome conta de você, e um sono profundo te faça ir para longe desse lugar denso e escuro. Mas infelizmente você insiste e persiste, e por tempo demais sufoca a voz que te diz para desistir.
Você era a criança que roubava o sutiã das meninas na aula de natação, para depois joga-los na piscina e ficar rindo sozinho. Pulava o muro da construção só para fugir dos porteiros, e mentia para sua mãe dizendo que havia se machucado andando de bicicleta. Essa criança não se contenta com pouco. Não quer sucumbir e entender que nada vai ficar bem. Não aquela criança que ria das moças de sutiã molhado.
De olhos fechados você se sente melhor. Fica pensando se está vendo as costas das pálpebras ou se simplesmente não está vendo nada. Tenta se lembrar das aulas de biologia onde ensinavam coisas sobre os olhos, e se lembra que achou que os poetas e os biólogos falam mais sobre eles do que há neles para se falar. Sua alma não tem janelas, só paredes sufocantes e um vazio que da medo.
Talvez se você ficar assim, de olhos fechados, alguém venha te acordar com um beijo dizendo que vai ficar tudo bem, e que esse cheiro bom que está vindo da cozinha é o café da manhã. Então vocês se sentarão à mesa, comerão frutas e beberão café fresco, e a manhã vai passar rapidamente enquanto vocês conversam sorrindo sobre as mais deliciosas amenidades, e sobre como serão felizes para sempre.
No almoço decidirão o nome do filho que um dia vão ter. Vai ser algo simples, como Pedro ou João. Você vai pensar que nunca tinha reparado que essas paredes brancas são bonitas e calmas. Vão rir do cachorro que sempre se esconde debaixo do sofá, assistir um desenho qualquer na TV e confessar que estão apaixonados um pelo outro.
A tarde, quando as nuvens deixarem o sol se abrir e o calor apertar, vocês irão para a piscina, e a água vai refletir toda a felicidade dos sonhos realizados, e você vai contar sobre aquela vez em que jogou o sutiã das meninas na água, só para vê-las indo embora com a camisa molhada na altura dos peitos, e como nesse mesmo dia você se cortou ao pular o muro de uma construção, e teve que mentir para sua mãe para que ela não descobrisse.
A noite será agradável. Discutirão sobre um livro que está na sua prateleira, ouvindo o seu disco preferido, e decidirão que devem pedir comida pelo telefone. Vão ver o sol que ficou guardado no rosto um do outro, e vão rir mesmo sabendo que isso não tem graça nenhuma. Vão comer e ter sono. Se abraçar e dormir
Mas você abre os olhos, e alguém não virá. Talvez se você tivesse ficado de olhos fechados. Com eles abertos alguém nunca vem. Você está sozinho, já faz tempo que está sozinho, e amanhã vai ser um dia como outro qualquer.
A culpa é dos discos. Eles são pares, e não te dão desculpa para chorar.
9 comentários:
É incrível a capacidade que eu tenho de escrever coisas das quais vou me me envergonhar minutos depois.
Bom, sempre se pode desculpar a falta de talento com o excesso de alcool.
Rá!
Isso acontece com todo mundo, acho. De toda sorte, o início me lembrou os seguintes versos: "I asked my father / I said, Father change my name / The one I'm using now it's covered up with fear and filth and cowardice and shame."
Eu gostei.
Uma amiga minha comentou que nos meus ultimos textos o sono sempre parece uma coisa boa e a culpa da infelicidade é sempre de objetos inanimados como livros ou cigarros.
Talvez no próximo eu deva colocar a culpa na insônia
Se liguem no blog de Deus:
http://paremderezar.blogspot.com/
The purpose of Clomid therapy in treating infertility is to locate conformist ovulation willingly prefer than origin the progress of numerous eggs. For good occasionally ovulation is established, there is no benefit to increasing the dosage aid . Numerous studies advertise that pregnancy usually occurs during the first three months of infertility cure and treatment beyond six months is not recommended. Clomid can cause side effects such as ovarian hyperstimulation (rare), visual disturbances, nausea, diminished "rank" of the cervical mucus, multiple births, and others.
Clomid is often prescribed past generalists as a "leading oblique" ovulation induction therapy. Most patients should weather the fertility "workup" ex to outset any therapy. There could be varied causes of infertility in supplement to ovulatory disorders, including endometriosis, tubal disease, cervical banker and others. Also, Clomid therapy should not be initiated until a semen examination has been completed.
Clomid and Other Ovulation Inducti
Somali pirates be prolonged their attacks against worldwide ships in and all the Bay of Aden, in invalided will of the check of stepped-up vast naval escorts and patrols - and the increased moist squib computation in any manifestation of their attacks. At the beck agreements with Somalia, the U.N, and each other, ships relationship to fifteen countries for the time being rounds the area. Somali pirates - who have won themselves approaching $200 million in make amends for since hour one 2008 - are being captured more repeatedly an comprehension to the spare being, and handed one more point to authorities in Kenya, Yemen and Somalia since the account of trial. Just here are some up to old-fashioned photos of piracy all-inclusive of it = 'full of shit' the blunder of Somalia, and the oecumenical efforts to influence it in.
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